quarta-feira, novembro 19, 2014

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– Pinky, pode ser? – perguntou Flahur a Varg, já em desespero.
– Bem, eu estava a pensar num nome mais na onda de “Lok’thor WolfBite, Conqueror of Lordaeron!” – respondeu Varg – mas Pinky terá de servir.
– Vá, despacha lá isso e faz a compra. Tenho torres para construir. – protestou Flahur.

Instantes depois, no meio de nuvens e relâmpagos vermelhos, aparece uma ovelha gorda com cara de poucos amigos.
– Bé.
– Pinky, – começa Varg – a tua missão é da maior importância para a nossa sobrevivência. Terás de rumar a norte à procura dos nossos aliados da BAU. Se os encontrares, dir-lhes-ás que estamos a sul do grande lago e que reunir-nos-emos aqui. Entendes o que te peço?
– Bééé.
– Óptimo! Vai! Com coragem! E força!! E honra!!! – gritou Varg, erguendo o seu enorme martelo para norte.
– Bééééé.

...

– Não vais? – perguntou Varg quando viu Pinky estática a remoer erva.
– Acho que não está a ir... – observa Flahur, espreitando por cima de Varg.
– Eu consigo ver que não está a ir!
– Bé.
– Quem é o mémé mais lindo do papá?, quem é?, quem é? Adudududuuuuu.... Dududududuuuu – balbuciava Varg enquanto fazia festas no pescoço de Pinky e abanava a sua cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita.
Pinky acabou por se convencer e pôs-se a caminho. Flahur e Varg quedaram-se sentados a vê-la afastar-se lentamente. Quando Pinky dobrou a linha do horizonte, Flahur levantou-se.

– Aquela história do “Adudududu”.... Isso não é um bocado maricas para um destemido guerreiro do norte? – gozou Flahur.
– Ainda há ali muita madeira por cortar, não há? – ripostou Varg após uns segundos.
– Sim, tu tens sorte, grande senhor Rei da Montanha que tem raparigas nórdicas a massajar-lhe os pés noite sim, noite não. – disse Flahur enquanto pontapeava pedras espalhadas pelo chão – A mim é que me calhou o trabalho sujo...
– Podes ser um camponês, mas ao menos és mais alto que eu...
– *gasp mmf* – resmungou – Que falta me fazia agora o Stuart!


Flahur e Varg estavam há já vários dias naquele mundo, sem saber como ali chegaram ou como dali sairiam. Tinham esperança que a força misteriosa que os colocou naquele mundo, tivesse lá colocado também os seus colegas da BAU e, com a ajuda de todos, pudessem concluir os objectivos que a tal força misteriosa lhes colocara.

– Por que não vamos nós próprios procurar os outros BAU?
– Temos de ficar aqui a proteger as nossas linhas. Se sofremos outro ataque como o de há três dias, não restará nenhum de nós para contar a história.
– Achas que eles também estão neste mundo?
– Espero que sim. – suspirou Varg – Espero que saibam como sair daqui.
– E se não os encontrarmos?
– Nesse caso, receio bem que, mais cedo ou mais tarde, o nosso inimigo nos livre disto da pior forma possível. – afirmou Varg, retirando-se para os seus aposentos. – Boa noite.




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Quilómetros a norte, longe dos olhos e ouvidos de Flahur e Varg, travava-se uma enorme batalha entre duas facções: os elfos da noite e os mortos-vivos.
– Ataca o Demon Hunter! Ataca o Demon Hunteeeeeer!! – gritava um guerreiro morto-vivo.
– Não tenho espaço!! – respondia outro, vendo o círculo que se fazia à volta do herói inimigo.
– Vai dar a volta, está ali atrás um espaço livre!
– Ok!

Apesar dos esforços dos mortos-vivos, eram os elfos da noite que estavam a causar o maior número de baixas. Um comandante morto-vivo, apercebendo-se disso, mandou chamar reforços.
– Precisamos de mais guerreiros!! Tragam os lenhadores da base!! – berrou ele – E tragam também os necromantes, as banshees e os acolytes mascarados de Frost Wyrms! Precisamos de tudo o que conseguirmos arranjar!
Da base chegaram mais umas quantas unidades para o morticínio. Entre elas estavam Dead e Neo, que eram agora arrastados para uma batalha já quase perdida. Neo viu que o Demon Hunter estava ainda com imensa vida e, aproveitando-se da sua grande mobilidade, decidiu começar por atacar as glaive throwers que atacavam os zigurates que protegiam a cidade dos mortos vivos, forçando-as a recuar. Dead decidiu agir também, mas a sua atenção foi-lhe roubada para uma pedra que estava no chão e tinha um aspecto fora do vulgar.
– Dead! – gritou Neo enquanto fugia de um Druida da Garra, vendo Dead distraído – Acorda!!
– Neo! – respondeu Dead – Está aqui uma pedra esquisita! Tem um desenho! Anda ver!!
– Ai está? Fixe! Acerta com ela em alguém! Depressa! – disse Neo em agonia.
Dead pegou na pedra e levantou os olhos. Quando olhou para o campo de batalha, viu uma formosíssima guerreira inimiga e imaginou-se sentado ao pé dela na praia, a afagar-lhe os seus belíssimos e compridos cabelos verdes, perante um harmonioso pôr-do-sol, ao som das ondas. Como em desenhos animados, voavam belos corações do topo da sua feia cabeça em decomposição. Foi amor à primeira vista, quando avistou a maneira feminina e desinibida como ela atirava os dardos!
– Déééde! Estou quase a morrer! Livra-me deste Druida da Garra!!
– Mas a Dryad... ela é tão linda... Estou apaixonado, Neo! Não precisamos de sair de cá! Eu amo este mundo! É tão lindo e cor-de-rosa!! – cantarolava Dead enquanto os seus camaradas eram despedaçados no campo de batalha num espectáculo de tripas e sangue.
– Dead! Acorda para a vida! Vamos é todos morrer!! – gritou Neo em pânico.

Dead via o seu amigo em apuros à esquerda, mas a sua apaixonada – provavelmente até já à sua espera –  à direita. Tinha de tomar uma decisão. O que iria fazer? Parou para se concentrar...

Amigo em apuros à esquerda.
Amor da sua vida à direita.
Amigo em apuros à esquerda.
Amor da sua vida à direita.
Amigo que, vendo bem as coisas, nem deve estar tão mal quanto isso à esquerda.
Campo de nenúfares à direita.
Nuvens cor-de-rosa-celestial à direita.
Coro de anjos, entoando canções de amor, todos vestidos com um enorme arco-íris à direita.
Felicidade eterna à direita.

Fechou os olhos e tomou a sua decisão.

– Oh nãoooo! Que foi o Dead fazer!? – exclamou Neo enquanto acabava de ser curado por um Death Coil do seu comandante. – Não acredito nisto...

Neo viu Dead desaparecer.

A batalha, já perdida, reclamava agora os corpos de mais uns quantos soldados mortos-vivos. Os derrotados sobreviventes começaram a fugir, cada um para seu lado, enquanto as suas casas eram destruídas pela fúria élfica. Neo refugiou-se na clareira de uma floresta e esperou até aparecer alguém do seu grupo, mas tal não aconteceu. Já era madrugada quando Neo ouviu um restolhar de folhas e pôs-se em guarda. Do meio de duas árvores apareceu uma Dryad.

– Ora bolas Dead, de tanta gente que podias ter possuído, foste logo possuir essa coisa?
– Fogo neo, o meu treino de Banshee foi feito em 2 minutos. Como querias que eu dominasse a “Arte do Bem Possuir”?
– Eu tinha um Druida da Garra à perna! Por que não possui-lo a ele? Qualquer alvo era melhor que essa Dryad! Até a pedra que viste no chão era melhor que essa Dryad!! – neo parou por uns minutos para se acalmar –  Bem, deixa lá isso. Como ficou a base?
– Completamente destruída. O nosso comandante morreu, assim como 90% do nosso exército, mas os elfos já dispersaram, podemos ir lá ver.
– Sim, vamos. Aproveito para comer qualquer coisa, que estou a ficar com fome. – respondeu neo.
– Que surpresa...

Neo e Dead dirigiram-se para o campo de batalha. Quando chegaram, neo começou a salivar com a quantidade de suculentos corpos putrefactos por lá espalhados e canibalizou logo uns quantos.

– Então tu... ahm.. – hesitou o Dead enquanto o neo comia do chão – curtes relva?
– Estou a comer os corpos em decomposição, não a relva. As animações são más.
– Isso é um bocado nojento, não é? Eu cá prefiro comer coisas fofinhas, como esquilinhos, coelhinhos e outras criaturas queridinhas que existem no bosque! O bosque é tão lindoooo! Também gosto de dançar, cantar, pulaaaaaaar! – disse Dead enquanto se agitava no ar que nem uma fada dos dentes num dia especialmente efeminada.
– Isto é que não. – disse neo quando percebeu que o seu ex-amigo estava a adoptar o espírito da Dryad – Cala a boca, Dead...
– Não sejas tão rabugento! Devias ser mais como – disse, preparando a sua voz para subir duas oitavas: – EUUUUUU!!!
– A sério, cala essa boca Dead!! – ordenou neo, completamente “passado dos cornos”, enquanto se deliciava com os olhos podres dos cadáveres.
– Não devias ser tão darrrk!! Ser-se colorido é que está a dar!!! Devias gostar de ColdePlaaayyy!!
– DÉDE!! TU CALAMESSA--
– Bé. – interrompeu Pinky.
– Uma ovelhinhaaaaaa!! ^_^’’ Ohhhhhh.... Tão lindaaaaaaaa!! xD – manifestou-se Dead agarrando-se a ela e dando-lhe montes de abraços e beijos.
– Ainda há bocado dizias que bichos fofos faziam parte da tua dieta. Agora já é linda?
– Cala-te seu Chupacabra wannabe... Parece que ela tem qualquer coisa para dizer...
– Béééé bééé. – disse Pinky com ar importante.

Dead olhou chocado para neo.

– Sabes o que isto quer dizer? – perguntou Dead.
– Lamento, não estudei ovelhês. Nem toda a gente pode frequentar a universidade das dryads.
– Ela disse que o Varg e o Flahur também estão neste mundo! São humanos, estão a sul daqui!

Neo parou de comer e levantou a cabeça repentinamente. Pela primeira vez, teve esperança que ia sair dali. Mais importante que isso, teve esperança que não precisaria mais de aturar o Dead sozinho: esse árduo trabalho ia passar a ser dividido por três. Sem pensar duas vezes, saiu da clareira e desatou a correr para sul.

– Onde vais? – gritou Dead quando viu neo sair disparado.
– Livrar-me de ti! – respondeu neo já longe, correndo de alegria e entusiasmo. – Livrar-me de tiii!!
Dead e Pinky correram em sua perseguição. Uns quilómetros à frente estendia-se uma enorme lagoa azul e, para lá desta, um acampamento de humanos que estava prestes a receber uma visita inesperada.


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– Chega-te para lá! – diz Rumba a Abutre, enquanto ambos se aninhavam atrás de uns arbustos, a espreitar uns quantos creeps que protegiam uma mina.
– Eu tenho lá culpa que ocupes o espaço de um camião tir...
– Cala a boca, Abutre! Cura-me mas é... Vamos atacar!
– Tens a certeza? Eles são Nerubians, não são Decepticons! Não achas que é arriscado? – gozou Abutre com um sorriso malicioso.
– Ah... Ah... Ah... – riu-se Rumba com sarcasmo – Vê lá mas é se não te distrais como na última vez, senão estas aranhas vão comungar o corpo de Cristo...

Rumba avançou. Os seus braços mecânicos chiavam e as suas roldanas gripavam, mas o seu engenho mantinha-se íntegro e provava-se robusto. Começou a atacar as aranhas. Abutre, com o seu ceptro e as suas orelhas aguçadas, mantinha-se atrás dele sempre a uma distância segura, entoando cânticos religiosos e encorajadores, como bom padre que é:
– TRANSFORMERS! *Tcham* More than meets the eye!...*Tcham* *tcham* – cantava Abutre religiosa e encorajadoramente.
– Ora bolas, já começa... – disse Rumba enquanto lançava um amontoado de mísseis aos aranhiços.
– .... Autobots wage their battle to destroy the evil forces of...
– *gasp* – suspirou Rumba.
– ... THE NERUBIANS! – terminou Abutre, aproveitando para fazer um Inner Fire.
– Cura-me mas é, que estou quase a morrer!! – gritou Rumba quando percebeu que Abutre se enganara no botão.
– TRANSFORMERS! Robots in disguise! – cantou Abutre fazendo o robot.
– Que vale é que já só faltam matar dois. – disse Rumba com satisfação.
– Dois? Só vejo ali um... – disse Abutre ingenuamente.
– Dois, contando contigo. – disse Rumba esmagando com a sua bota de metal o último aracnídeo, subindo de nível.
– Oh, meu caro Rumba... Não eras--

Rumba correu para Abutre e agarrou o seu pescoço com os tenazes de metal, levantando-o a um metro do solo.
...*glup* capaz?
– Só não te mato já aqui, se prometeres que paras com essa música irritante cada vez que eu entro em batalha.
– Ok, ok... Fica prometido. Não há mais transformers para ninguém. – sorriu Abutre.
Rumba pousou Abutre e descansou por uns momentos. Mais à frente, junto a uma enorme lagoa azul, estavam quatro murlocs a comer sushi e a jogar ao peixinho, que Rumba achou serem óptimos alvos para ganhar experiência. Apesar de começar agora a chover, a água deslizava pelo aço inoxidável de Rumba como se nada fosse. Era uma máquina perfeita. Os murlocs, por outro lado, abriram os seus guarda-chuvas com medo de se molharem e apanharem uma pneumonia.
Rumba montou a sua Pocket Factory, de onde saíram Pocket Goblins e Polly Pockets, repletos de sede por destruição. Três deles chegaram para surpreender um dos murlocs e deixá-lo gravemente ferido. Claro que, todo este aparato não podia deixar de inspirar em Abutre comportamentos trocistas, que começou a imitar uma sirene da polícia, sem razão aparente:
– Weoumweoumweoum............ – “sirenou” Abutre aos altos berros.
– Foi desta que se passou completamente... – disse Rumba, com a estranha sensação de estar a ser imitado.
– Tu terê teri... Tu terê teri... Toum toum!!
– ?
–Tu terê teri... Tu terê teri... Tchaaam tchaaam!! Ti ta ram.. Ti ta roum.. ti taram ta ri taroum ta ri tan tan tom tom tom... – titubeava Abutre como um louco.
– ?????????
–  Tu terê teri... INSPECTOR GADGET... Tu terê teri.. uh uh...  – delirou Abutre enquanto gozava com Rumba. – Go! Gadget, go!... Go! Gadget, go!!
– Epa, é desta que eu mato o Abutre!!! É DESTaAaaAaAaAaaAaaaAA!! VAI MORREEER!! MUAHahHAhaHah!! É DES... Pára tudo!!!!!!!!!!............ Tu não és a Isabel? – perguntou Rumba ao último murloc sobrevivente que, por sinal, era o mais feio de todos.
– Isabel?! – inquiriu Abutre – De onde conheces esse peixe feio?
– Da escola secundária!! É a Isabel, não te lembras? Uma pita sonsa com cara de idiota com quem te tentámos fazer um arranjinho! – segredou Rumba a Abutre – Erm, uma das várias.
– Hmm, não. Não estou mesmo a ver... – disse Abutre a tentar fazer-se de estúpido.
– Rawrghlglowlowlw!!! Abutre? És TU?? És mesmo tu? Andei estes anos todos há tua procura! – disse Isabel numa revelação pouco convincente  – Queres-te casar comigo?
– Eu peço desculpa, mas já sou comprometido com Jesus Nosso Senhor. – benzeu-se.
– Isso é tudo uma granda treta! Eu posso ser a tua Maria Madalena!
– Quando me conheceres bem não me vais querer. Eu sou uma pessoa horrível! Vim parar a este mundo num caixote do lixo da base dos humanos como homem do lixo. – tentou Abutre livrar-se de Isabel – Cheirava a carapaus e tudo!
– Claro que te vou querer! Ainda por cima tens uma voz tããão bonitaaa quando cantas!! <3 <3 <3 <3 – disse a murloc rodopiando apaixonada.
– Ah ah ah! – riu-se Rumba – Oh, a ironia! Isto é tão bem feita... E se eu vos casasse?
– Cale-se, – ripostou Abutre derrotado – o padre aqui sou eu. Além do mais eu sou comprometido no nosso mundo, lembras-te?
– Isso não importa! Preciso de escolher o meu vestido de noivaaa! – começou Isabel a sonhar –  Ou melhor, podíamos ir já em lua de mel! Cantas para mim durante a lua-de-mel? Cantas?
– Meu Deus!, – rezou Abutre baixinho – prova-me que existes salvando-me desta coisa feia e escamuda, nem que tenhas de me matar já aqui com um meteorito!
– Deus, está ocupado Abutre. – troçou Rumba – Deve estar a guardar estômago para o teu copo de água!!

Nisto, como resposta à oração de Abutre, aparecem duas peculiares personagens vindas do meio da floresta. Iam tão embrenhadas na sua conversa, que nem se aperceberam que tinham companhia.


– ... e é por isso que eu acho, e tenho quase perfeita convicção disso, que existe uma rocha neste mundo que, por estar a sofrer uma evolução que lhe conferirá um sentido estético, e não estou a falar de ser bonita, estou a falar de saber criar e apreciar moda de vestuário como a que se faz em Paris;.... Onde ia? Ah sim! Essa pedra, ao ser arremessada com força suficiente, se bater contra a cabeça de alguém poderá causar um micro buraco negro que engula o nosso planeta! – disse o que tinha o nariz grande e um estetoscópio de madeira. Vinha vestido de cor-de-rosa da cabeça até aos pés, passando pelo tutu que usava orgulhosamente e o fazia lembrar uma bailarina.
– Disparate! Essa pedra causará um tremor de terra por todo o planeta quando for lançada, e inúmeras tempestades com trovões, relâmpagos, granizo e gomas incandescentes irromperão do céu. – interveio o seu amigo. Possuía uma voz aguda e uma pose alienada. Olhar para ele era o suficiente para perceber que sofria de problemas psiquiátricos – Tudo porque o grande concelho dos deuses está a jogar à dança das cadeiras com músicas antigas do Buéréré na constelação de Ophiuchus há milhares ou até milhões de anos! O último deus a sentar-se no final ganhará o jogo e reinará supremo sobre a Saborosa Soberania dos Cardos e sobre todo o Universo! Todos os outros serão aprisionados na pedra que falaste e a sua libertação trará destruição ao nosso lar... Tempos difíceis se aproximam, digo-te eu, o mundo pode nem chegar a 2012...
– Para ti tem sempre tudo a ver com cardos, não é? Cardos, tupperwares, palhinhas... Eu cá não tenho dúvidas que a clave de dó é o instrumento do Demo. Se vier a haver realmente um dia do Juízo Final, aposto que as claves de dó vão ter um papel influente nele, quanto mais não seja porque têm inveja das claves de Sol. Além do mais, elas têm chifres e tudo!
– Isso não é bem assim... O que acontece é que as claves de dó unir-se-ão todas para invocar o mestre supremo dos 42 mundos, dos 7 Universos e de tudo o que existe: o Capitão Igloo! Quando o seu filho bastardo, o Capitão-Igloo-Cabeça-de-Pistáchio comer os seus douradinhos enquanto joga uma partida de xadrez com uma pescada, não haverá por onde fugir!


A dissertação sobre as pedras prejudiciais à saúde do Capitão Igloo continuou por uns minutos sob o olhar curioso de Abutre, Rumba e Isabel. Quando se aperceberam que tinham companhia, o ser vestido de cor-de-rosa parou o que dizia, acenou-lhes e apresentou-se.

– Olá, o meu nome é 4orbidd3n. Someone called for the doctor?
– E eu sou Laiqualasse, que injustamente apareceu neste mundo como um goblin, mas na realidade queria ser um elfo alto e charmoso .
– Ahhhh! – berrou Rumba – Sei quem são! O Dr. Forbe é o mestre em aterragens do Pavilhão C e o Laika é o demónio... aquele que estava sempre a chatear no blog do Varg!
– Blog do Varg? Ah sim... Como se chamava? Hmm... Polonium? Magnesium? Ununquadium? – perguntou Laika.
– Imperialium™? – ajudou Abutre.
– ISSO! Aposto que já deve estar bem morto e enterrado... Não lhe dava mais de 5 meses.
– Está nada! Vai fazer 5 anos brevemente.
– Sério? Ninguém diria, sempre pensei que o HybridWorld ia durar mais tempo...
– Por falar nisso, que é feito do HybridWorld? – inquiriu Rumba.
– Cinco processos por violação de direitos de autor. Mas foi divertido. Estou a cumprir pena de dois deles ainda. – suspirou Laika e olhou para o céu – Bah, dava tudo para não ter de voltar ao nosso mundo.
Toda a gente olhou para Laika com compaixão, ainda que fingida. Ninguém sabia muito bem o que dizer, e felizmente o uivar de um lobo quebrou o silêncio embaraçoso que se gerara depois do desabafo pessoal do jovem goblin.

– Fogo, já é de noite!? – perguntou  Abutre retoricamente – É incrível a rapidez com que os dias passam por estes lados...
– Pois é, a atmosfera está a ficar húmida. Cheira-me que vai chover novamente. – replicou Dr. Forbe.
– Hey, ninguém quer saber das minhas mágoas? – perguntou Laika com uma lágrima no olho.
– Ouviram aquilo? – perguntou Rumba ao ouvir a floresta restolhar ao longe – Alguém vem a correr, ali ao fundo.
– Ligaste as tuas Gadget Ears?
– Cala-te, Abutre. Escondam-se todos! Vem mesmo aí alguém.

E todos se esconderam; todos, excepto Isabel, que esteve este tempo todo alheada a pescar na lagoa alguns primos seus e a convidá-los para o seu casamento com Abutre.
Do sítio para onde Rumba apontara antes, apareceu a correr uma mulher vestida com uma longa capa azul. Era morena, esbelta e possuía orelhas aguçadas. Parecia correr apavorada para fugir de algo que a perseguia, e a certa altura, ao desviar-se de uma casca de banana, tropeçou na raiz de uma bananeira e caiu ao chão, agarrando-se ao tornozelo dorido. As três criaturas que a perseguiam eram cinzentas e deformadas, mas possuíam uma silhueta humanóide. Encurralaram-na entre uma rocha e o tronco da árvore enquanto ela rastejava no chão para não ser apanhada.

– Algo me diz que devíamos ajudá-la... – sussurra Abutre para os seus amigos.
– Ajudá-la?! Como sabes se ela depois não se vira contra nós quando estivermos a recuperar da batalha com aqueles três? Este é um mundo perigoso... – disse Rumba, sabiamente.
– Achas que se vai virar contra nós? É tão esguia e ao mesmo tempo protuberante... – ripostou Abutre – Vê-se que é uma donzela incapaz de fazer mal a uma mosca...
– Eu concordo com o Rumba. Lá por eles terem cara de poucos amigos, não quer dizer que sejam efectivamente maus. Mons. – disse Dr. Forbe, dando a sua opinião. – E vice-versa para ela.

Ficaram os três a olhar para Laika, à espera que este desse a sua opinião.
– A minha opinião... – começou Laika, hesitante – é que gosto das orelhas dela...
– Eu gosto mais! – disse Abutre transformando aquilo numa competição – E aquelas botas são tão kinky!!
– E eu gosto da coroa dela!
– E eu do cabelo!
– E eu da blusa estilo vitoriano que ela traz!
– E eu do sinal que ela tem no nariz!
– E eu das ma--
– Hey! A gaja não tarda vai ser despedaçada por três bestas e vocês estão aí os dois cheios de hormonas a comentar os atributos dela!? – questionou Rumba, indignado.
– Eu só ia dizer mangas! – desculpou-se Laika.
– Até parece que és um santo, oh Rumba. Eu bem me lembro das tuas histórias...
– Eh... ainda se ela fosse uma caloira...
Enquanto eles falavam, a jovem elfa atirava pedras à cabeça dos seus rivais, enquanto o maior deles usava um cajado como bastão de baseball e tentava defender os outros dois, que anotavam a pontuação do seu colega. O jogo foi interrompido ao fim de alguns minutos por uma dryad que apareceu atrás deles a resmungar por baixo de uma mordaça. Quando viu as três bestas, estarreceu e permaneceu gelada de medo por um bom bocado. Por trás da dryad estava um ghoul e atrás do ghoul seguia uma ovelha gorda com cara de poucos amigos. As três bestas, vendo que tinham companhia, pararam o que faziam e colocaram-se em guarda.

– Mas o que raio é isto, o Ponto de Encontro?
– Neps... – respondeu Rumba – Faltava cá o Henrique Mendes!
– Brr... só o nome desse homem me dá arrepios... Aqueles óculos, aquele cabelo grisalho sempre na mesma posição, as sobrancelhas brancas desalinhadas! É ele o fantasma que atormenta as minhas noites... Dizem que ele morreu... Morreu o tanas! Ele nunca foi vivo... Nunca... Vivo... O tanas......  Nunca... Vivo... O tanas...... Tanas... Tanas... Tanas......  Nunca... Vivo... O tanas... – ecoava Laika, fixando o vazio e vendo um flashback dentro da sua cabeça.
– Isto às vezes acontece... – explicou Forbe a Abutre e Rumba, interrompendo o devaneio do seu colega ao dar-lhe uma sapa na nuca.
– Epa, aquela Dryad também é bem gira... De tantas gajas atraentes neste mundo estranho tinha de me calhar uma sardinha com pernas com um QI de -5+5! É bem, é bem... – disse Abutre, olhando para Isabel que estava junto à lagoa a tentar esconder-se dentro da carapaça de um caracol do mar.

Para grande surpresa de todos, as três bestas cinzentas aproximaram-se da dryad como se de um amigo se tratasse. No entanto, a dryad não fora abençoada com um grande intelecto e, em vez de aproveitar de forma inteligente esta circunstância invulgar, começou logo a atirar dardos às três bestas, que foram apanhadas desprevenidas. O ghoul que seguia atrás teve de correr para ajudá-la, atacando os monstros, a mulher elfa levantou-se e começou a fazer-lhes feitiços e até a ovelha foi lá dar uns coices e umas marradas. Praticamente não conseguiam causar dano aos três animais selvagens, que eram bem mais fortes que eles.

– Olhem só! Vejam a maneira libertina e debochada como aquela dryad atira lanças! Tem mais sensualidade que uma ruiva pré-histórica a mudar os canais da TV recorrendo à ajuda de um pássaro!
– *cough* smeghead *cough*
– É com aquela dryad que me vou casar se tiver de ficar neste mundo olvidado por Deus! Tenho de lhe ir pedir o número de telefone! – gritou Abutre sem saber que na realidade se estava a referir ao... Dead Boi.


Abutre levanta-se e começa a curar a dryad que era atacada pelas monstruosidades. Rumba, Forbe e Laika entreolham-se e Rumba, temendo que o seu colega se fosse dar mal, ergueu-se repentinamente para ir ajudá-lo. Forbe e Laika levantaram-se de seguida para ajudar Rumba.
Gerou-se ali um combate sangrento. Apesar de estarem em inferioridade numérica, enquanto as três bestas não acabaram mortas e mutiladas no meio do chão, ainda deram imensa luta e causaram bastante dano aos nossos heróis. Durante a batalha voaram foguetes, atiraram-se pedras, criaram-se soldadinhos, deram-se coices, dentadas, pontapés. A jovem elfa fazia feitiços para abrandar os ataques das bestas e Abutre e Forbe curavam tanto Rumba como o ghoul, que eram quem levava mais dano. A dryad andava em círculos a fazer sabe-se lá o quê. Laika corria atrás da dryad, também em círculos, porque pensava que era um plano qualquer que a dryad tinha para derrotar os seus adversários mais rapidamente. Quando percebeu que não estava a adiantar, decidiu fabricar um arco imaginário e começou a atirar setas aos inimigos. A dryad não foi tão esperta e continuou a correr em círculos até ao fim da batalha.


– Tinhas MESMO de parar para beber água na lagoa, não é? – perguntou neo a Dead ironicamente, em silêncio, quando a batalha terminou –  Ah, e estou a ver que os teus precoces ataques antes de todos estarem preparados continuam... Há coisas que nunca mudam não é?
–  hmgggfgmphopompompomgfadpog – respondeu Dead amordaçado, apontando com um casco para Rumba e os outros.

Gerou-se um silêncio de desconfiança entre as duas equipas.

– Hmm...Vocês falam português ou warcrapês? – perguntou neo aos restantes, quebrando o tal silêncio.
– Mas que MedOrd esta! Falamos português obviamente! – respondeu Abutre – Preciso é de saber que língua fala aquela Dryad jeitosa! – piropou Abutre, piscando-lhe o olho e dando duas cotoveladas em Rumba.
– MedOrd?! SheetColon! Varg, Flahur, são vocês? – perguntou neo.
– Não, – disse Rumba – sou o Rumba, ele é o Abutre, ali adiante está o 403 e o tresloucado é o Laika. O Varg e o Flahur também estão por cá?
– Epa, que bom ver-vos!! Sou eu, o neo. E sim, estão neste mundo. Estamos à procura deles agora mesmo. Enviaram esta ovelha feiosa para nos dar a notícia.
– Quero lá saber da ovelha, – disse o Abutre – preciso é de saber quem é essa dryad toda boa que tens aí ao teu lado...
– É o De... É uma dryad desconhecida que me apareceu e que não pertence aos BAU, não participou no álbum dos Melões Espaciais e tão-pouco era da nossa escola no secundário, onde não ia com o Flahur por não ser sua vizinha. – disfarçou neo para gozar com Abutre – Tive de a amordaçar porque não se calava a dizer que tinha sede...
– Fizeste bem! Eu gosto delas de mordaça! Anda cá mulher! – disse Abutre com voz de macho agarrando-se à dryad – Não queres ir tomar um copo um dia destes? Olha que eu sou um bom partido! Sou herdeiro de vastos terrenos e negociador de poderosas espadas samurais! Não ficas a perder comigo...

Laika jogava ao jogo do galo contra si próprio enquanto Dead se contorcia para se livrar do braço de Abutre. Neo esforçava-se para conter as gargalhadas e Rumba e Forbe foram falar com a jovem elfa, que estava em estado de choque. A Isabel tinha desaparecido no início da batalha e ainda bem que desapareceu. Aposto que não gostaria de descobrir que o seu noivo e futuro marido, não só a estava a trair, como também estava a incorrer em comportamentos homossexuais.

– Olá? – arriscou Rumba.
– O-Olá... Quem são vocês? – perguntou a jovem elfa.

Rumba apresentou toda a gente e em seguida perguntou à jovem quem era ela.
– Eu... – começou a jovem feiticeira a apresentar-se – acho que sou a vossa professora de EOTD do secundário...
– ........ gah!!


ЖЖЖ    ώαђБђαф    ЖЖЖ


– Flahur, tenho uma pergunta que me atormenta desde que dei entrada nas malfadadas terras de Azeroth... Como são as minas de ouro lá por dentro? – perguntou Varg entre garfadas.

Flahur e Varg encontravam-se a almoçar numa modesta sala de jantar. Normalmente, os trabalhadores não tinham direito a comer com os líderes, mas como Flahur era amigo de Varg, este decidira abrir uma excepção. Isso fazia com que Flahur fosse mal visto entre o proletariado da nação dos humanos. Haviam até boatos de uma conspiração para limpar o sebo a Flahur, mas isso não o preocupava muito.

– As minas? Oh, são fantásticas! Aquilo lá por dentro é um palácio luxuoso, onde o ouro é-nos entregue já embalado por cachopas comedoras de fritos que partilham-nos connosco enquanto esperamos pelos sacos. Pelo ar ouve-se uma suave melodia ambiente que varia entre música clássica e old school black metal. Nos gigantes ecrãs plasma passam filmes de terror dos anos 80 e 90 e há pipocas à descrição. Temos um estúdio de música completo com todos os instrumentos musicais do mundo onde se têm gravado os últimos sucessos dos Atum-mãe, dos Melões Espaciais, dos God’s Evil Army, dos Yuzoid e dos Cyberwolves! Tudo isto enquanto nos fazem massagens aos pés e nos cortam as unhas com um alicate de ouro cravado a diamantes.
– Ninguém diria... A sério?
– Não. É o raio de uma mina! Eu é que imagino isto quando lá entro para não me custar tanto a fazer todo o trabalho pesado sozinho. – mandou Flahur a indirecta.
– Muito bem, – respondeu Varg quando entendeu Flahur – hoje vou tirar o dia para te ajudar. Decidi que a nossa nova arma contra os elfos do norte serão os valiosos e corajosos grifos, montados por elfos do sul! Para isso teremos de construir um aviário, juntaremos o útil ao agradável e faremos criação de galinhas para vender na churrasqueira. Começaremos por aumentar isto para um castelo. Acho que vou meter aqui um archote mais escuro, que vi num Goblin Merchant no Rio do Sul. – disse Varg apontando a faca para o tecto da sala onde almoçavam.
– Hum? Por que é que eu tenho de transformar isto num castelo para podermos criar galinhas?
– Pois, não sei... Talvez porque ficas com uma arrecadação maior?
– Ah sim? E para que quero uma arrecadação maior?
– Ora essa, uma arrecadação maior dá sempre jeito... Podes... ahm... guardar mais foices...?
– É mas é para me dar mais trabalho... Sinto-me um Dennis num filme de Monty Python...
– Come e cala-te, que vais precisar da energia. Por falar nisso, porque é que comes sempre com toros de madeira às costas?
– Sinceramente não sei, mas quando os tento pousar dá-me uma pontada nas costas que não me aguento. Talvez seja para palitar os dentes no final... Não sei mesmo.

Terminaram de almoçar e Flahur tentou palitar os dentes com a madeira, sem sucesso. As obras para aumentar o torreão dos humanos para um castelo começaram logo de seguida. A ideia que Varg tinha quando disse que ajudava Flahur não passava de lhe gritar por um megafone sempre que ele parava para limpar o suor da testa. Flahur começava a ficar irritado com a nova arrogância do seu velho amigo.

– Podias ao menos chamar mais gente para me ajudar. Estão ali uns peasents simplesmente a jogar damas...
– Podia, mas assim iríamos gastar mais recursos, e eu ainda preciso de ouro para ir ao Rio do Sul Shopping comprar um candeeiro novo para a sala.
– Gastavas mais recursos como? Isso não faz sentido!
– Não?... Queixa-te à blizzard. Quieto! Onde vais? Trabalha mas é! – disse Varg enquanto se espreguiçava numa espreguiçadeira.
– Hmpf... Preciso de falar com o meu sindicato.


A dois quarteirões dali, nos grandes portões da cidade onde Varg e Flahur habitavam, uma enorme confusão gerava-se quando uma árvore gigante, provavelmente de origem élfica, tentava entrar pela cidade à força, embora que muito lentamente. Era um trent chamado ancient of war. Soou-se o alarme da cidade e mandou-se chamar o comandante Varg para ajudar a derrubar o monstro ramudo. Ele levava golpes das torres, dos footmen e agora do próprio Varg, fiscal das obras, que chegara do futuro castelo. Já ardia e estava quase a morrer quando...


–  Isto assim não dá! – disse a frondosa árvore sentando-se desajeitadamente com um estrondo e cruzando os braços – Não dá, isto está muita desequilibrado. I’m out! Criem outro!
–  Prime? És tu? Parem tudo! Parem os ataques! – ordenou Varg, cessando os ataques automaticamente.
– No outro mundo era Prime, sim, noutros tempos... – disse a Árvore, coçando a cabeça com dificuldade de se recordar – Neste não sou senão uma entidade da natureza quase tão velha quanto a Mãe-Terra ela própria, que existe simplesmente para a servir. E sou também um hotel de luxo para pardais. E vós, nobre guerreiro, quem sois?
– Sou Varg, um corajoso guerreiro das montanhas! Venho das terras gélidas do norte, onde os pinguins ouvem as músicas mais geladas de Immortal dentro de congeladores envoltos em azoto líquido. Sou feroz, corajoso, honrado guerreiro e--
– ... e não és assim muito alto...
– Pois, isso não. – disse Varg amuado – Então e... que te traz por cá?
– Outrora um wisp, a minha existência começou na base do vosso inimigo. Quando me apercebi que não era ali onde pertencia, retirei as minhas raízes do abençoado solo da Mãe-Terra e fugi a correr. Claro que, na minha corrente condição, correr não é senão andar ligeiramente menos devagar. E ainda bem, pois a ausência da minha habitual celeridade permitiu-me escapar às garras daqueles que são os vossos inimigos, e que a partir deste momento serão também os meus.
– Basicamente estás a dizer que fugiste tão devagar, que eles nem notaram que te foste embora? – traduziu Flahur, que chegara enquanto Prime falava.
– De facto.
– Silly creatures... – gracejou Varg – Silly, silly, silly...Si-- Felício Petrolino!! Não devias estar a trabalhar?
– 3.....2.....1..... – contou Flahur olhando para o céu. Varg ficou especado a olhar para ele – Um..... Um........... um.... um? Bah, isto nunca--


Nisto, um enorme grifo irrompe pelos céus tapando o sol por momentos, com um grito que ecoa nas muralhas da cidade. Montado nele estava um elfo do sul, que puxava pelas rédeas para a frente e para trás, fazendo-o ora descer ora subir. Dentro de minutos, várias frondosas aves forraram o céu, acotovelando-se no ar que nem pinguins no gelo.


– Sabem o que isto significa? – perguntou Varg com um sorriso de orelha a orelha.
– Hmm... que sou eu que vou ter de limpar os dejectos deles?
– Também, mas significa que vamos creepar! – disse Varg visivelmente contente – Soldados! Por Thor, para a batalha!!

Depois dos ataques de há uns dias, o exército comandado por Varg era agora bastante modesto, mas temível devido à sua organização, que, associada a uma sede terrível de vingança para com os elfos do norte, tornava-o inclusivamente mortal.
Varg rapidamente mobilizou os seus guerreiros. Três footmen, dois riflemen, quatro grifos e um peasent que era levado para todo o lado como conselheiro e good luck charm. Faltava apenas um priest para curar as feridas das tropas, pois o antigo priest convertera-se ao satanismo depois de ouvir uma música de Level 70 Elite Tauren Chieftain chamada “Raise Some Hell”, e o filho que ele tivera em pecado estava já desaparecido há anos.
– Bah, logo agora que eu ia ver quantos coelhos conseguia empilhar para matar de uma só cajadada...
– Anda daí mas é, senão não te deixo fazer mass peasents com as raparigas da padaria conforme prometi. Além disso, os cânticos da ninfa viquingue do lago já foram entoados e os sinos chamam-nos para a batalha que Thor promete ser sangrenta mas cheia de conquista e--
– Iá, uareva. Convenceste-me com as da padaria. – interrompeu Flahur – Siga lá, que eu tenho roupa para passar a ferro quando chegar a casa.




ЖЖЖ    ώαђБђαф    ЖЖЖ




– Nossa prof de EOTD? – perguntou Rumba pela 7ª vez, ainda incrédulo.
– Já disse que sim! Chamo-me Ricardo Santos!
– Mas no secundário eras como eras e agora estás.... sei lá... assim....!! – apontou Rumba com ambos os guindastes.
– Isso é porque eu no secundário estava sob um feitiço que me tornava bronca e croma. Chamava-se o Bronquicromiosis. Foi feito por um Urso malavado chamado Patas, o Alquimista.

Por muito que lhe custasse a engolir a história, Rumba aceitou-a e após uma pausa para o neo comer espetadas e entremeada na brasa,  a equipa recomeçou a viagem para sul.
– Bolas, o neo está sempre com fome...
– For Batatas Fritas de CORROIOS!!! – berrou Forbe o seu grito de batalha.
– Gurumpompomguápom – gritou o ainda amordaçado Dead.


À medida que caminhavam para sul,  a vegetação adensava-se e Abutre ficava impaciente. A sua impaciência começara por manifestar-se em atirar pedrinhas a Rumba, que lhe forneceu um pontapé no queixo quando se fartou da brincadeira. E acabara quando começou a cortejar a Dryad, a prof de EOTD e neo, tendo o último pegado nele e atirado-o contra um rochedo coberto de urtigas.

A dada altura, a equipa dos oito heróis chega ao fim de um caminho que alarga para uma clareira. As enormes árvores serviam como um toldo que impedia o sol de penetrar e mergulhava aquele local em escuridão. No centro da clareira estava um lago rodeado por pedras escorregadias cuja água carmim provinha de uma catarata que a jorrava em redor. À medida que se tentavam aproximar, um ensurdecedor grito da natureza fazia os nossos heróis contorcerem-se, tapando os ouvidos. À entrada estava um sinal de madeira rudimentar que erguia apenas um misterioso símbolo:


Fig. 1: The All-Seeing Bonsai


– Estranho... – disse Rumba, que liderava o grupo – Parece que nos observa...
– Yá, – concordou Laika – enquanto passeava de um lado para o outro, à espera que o olho o seguisse – parece aqueles quadros dos filmes...
– Isto, meus caros alunos,
– Hey, eu não era--
– é o símbolo de uma antiquíssima sociedade secreta. Eram protectores da sociedade, da ordem e da pátria. Derrotaram todos os desafios que lhes foram postos, um por um, e acabaram por desaparecer com o passar das luas. Hoje são uma lenda e só os escolares ouviram falar deles. É uma pena.
– Então como sabes isso? – perguntou neo, perfeitamente ciente de que Ricardo Santos falava da BAU.
– Ora, porque tirei 19 a física no exame nacional, obviamente! – respondeu Ricardo prontamente.
– Estou a ver. – disse neo pensativo.


– São os BAU, não são? – perguntou Abutre a neo silenciosamente.
– Yep, nossos antepassados provavelmente.
– Pois, bem me parecia que aquela árvore me fazia lembrar uma bonsai! – apontou Abutre.


Neo não entendeu se Abutre apontara para o símbolo da placa de madeira, se para uma árvore que se encontrava lá junto e se parecia com tudo menos com um bonsai, mas também não se preocupou muito. Dead, ainda amordaçado, começara a avançar para lá do sinal quando, de repente, um ser transparente como um fantasma lhe apareceu emergindo do solo. O zumbido cortante da Natureza parou subitamente e, num arrepio que percorreu os pescoços de todos, o fantasma imobilizou-se e começou a falar com um sibilo.


– Oláááá!!! – assobiou o fantasma com a sua voz estridente e horripilante, uma mensagem surpreendentemente amigável.
– Onhemeuéaconhia!!! – balbuciou o Dead em pânico e desatou a correr.
– Olá... – disseram Forbe e Rumba ao mesmo tempo, observando com curiosidade o comportamento excêntrico do seu colega.
– Por que tens um ponto de exclamação sobre a cabeça? – inquiriu Abutre – Tens alguma coisa a dizer?
– Sim, tenho uma tarefa para vocês. – respondeu o fantasma, na sua voz estridente e horripilante. Ela estava vestida com um enorme manto transparente. O seu volumoso cabelo descia-lhe habilmente em cascata por cima deste. Numa das mãos, a fantasma erguia um ramo de flores murchas, na outra um cone de gelado com uma bola de chocolate e outra de limão. – Chamo-me Maçã. Fui, em tempos remotos, escudeira de Vargh, um guerreiro da arcaica Brigada Anti-Ursos. Preciso que vocês vão à biblioteca de Ravendor e me tragam um livro chamado “Feitiços com Maçãs: Da Branca de Neve à invenção da Gravidade.” Se o fizerem, serão amplamente recompensados.
– Então digamos que isto é tipo... uma quest? – disse Laika.
– Não, é uma tarefa.
– Não será um main objective? – perguntou Forbe.
– Não, eu não--
– Secondary objective? – perguntou neo.
– Não, tarefa!
– Gururumpompom? – perguntou Dead, que só agora parava de correr, já cansado.
– Tarefa!!
– Bacalhau com uazinhague?
– Ok, seja! É um bacalhau com uazinhague. Vão fazer! – disse a fantasma já sem paciência.
– Quais são as recompensas? – perguntou Ricardo.
– Deixo-vos entrar no místico Local de Inspiração, –disse, apontando para a clareira – e acompanho-vos nas vossas demandas com a minha sapiência virtualmente infinita.
– Ah sim? – perguntou Neo descrente – Então prova-nos.
– Muito bem. Factos sobre vocês: O troll witch doctor é o Forbidden, a sorceress elfa chama-se Ricardo Santos. O padre humano é o Abutre, que tem a mão no dorso do Dead, que é uma banshee que possuiu uma Dryad elfa. O ghoul é o--
– O QUÊ??? – berrou Abutre, tirando a mão repentinamente do dorso de Dead, fazendo uma centena de pássaros saltar em pânico dos seus galhos.
– Déjà vu... – disse neo, partindo-se a rir.

Abutre tirou a mordaça a Dead.

– I’m not in seasonnnnn!!!! – gritou Dead quando enfim conseguiu falar.


Seguiu-se um breve, porém doloroso espancamento de neo da parte de Abutre, que quase lhe causava parkinson com o seu ceptro. Neo, com apenas 30 de vida, continuava a rir que nem um perdido, até que Forbe o curou e Abutre cansou-se e agarrou-se ao “reumático”. Em seguida, Dead tentou espancá-lo também, mas não lhe doeu nem um quinto.


– Ah, valeu bem a pena – disse neo ainda a acabar de se rir.
– Hahaha, seu gnu homossexual! – disse Laika.
– Cala a boca, Laika! – disse Abutre após esperar uns segundos por neo.


– Hey! Já se esqueceram do que vos pedi? As quests não se fazem sozinhas!! – disse a Maçã.
– Ahhhhh!! Então sempre era uma quest! – ripostou Laika.
– A sério, vão.




E foram. Dead e Abutre ficaram lixados com Neo. Abutre, um garanhão indomável somente comparável a um Tuka em dias menos bons, estava agora a fazer a corte à prof de EOTD e, verdade seja dita, estava a ter sucesso, para grande inveja de Laika, que seguia atrás. Dead ora andava à frente, ora atrás e retomara agora os seus meneios mariconços. Neo seguia junto a Rumba e Forbe, falando sobre o potencial uso de batatas fritas como armas de destruição maciça, e, no final da manada, seguia Pinky, a ovelha gorda de Varg, com cara de poucos amigos, que ficava sempre para trás.


– Aquela ovelha anda a tramar alguma... – comentou Forbe, interrompendo a conversa.
– Yep, podia jurar que já a ouvi mémézar sozinha. – acrescentou Rumba.
– Nonsense. Pessoal, esquerda ou direita? – perguntou neo.


Tinham chegado a uma bifurcação de três estradas, que marcava o fim do grande lago. Se optassem pela esquerda, continuavam a contorná-lo, se optassem pela direita, eventualmente perdê-lo-iam de vista. Não faziam ideia que, horas antes, um outro grupo de exploradores liderado por um anão guerreiro tinha passado ali e seguido pela esquerda.


– Vê aí no texto do bacalhau com uazinhague. – respondeu Laika
– Ninguém me deu um bacalhau com uazinhague log! – protestou Rumba.
– Então e se fizesses um pimponeta? – sugeriu Abutre.
– Cala a boca, Abutre. – disse neo prontamente.

E no pimponeta saiu direita.


Mais tarde, uma lua cheia reinava, imóvel, no topo do céu. O luar afundava-se líquido entre a relva sedosa, onde uma orquestra de grilos emergia ruidosa e descoordenada. Biliões de estrelas ardiam no céu como pirilampos de gás, servindo de archotes às árvores que dançavam vagarosamente ao som de uma brisa morna de Verão. Os guerreiros pararam, um por um, enfeitiçados.


– Uau... – disse Abutre quebrando o silêncio – nunca vi nada tão bonito...
– Pois, é o preço a pagar pela civilização... – comentou Forbe após uns momentos.
– É incrível – continuou Abutre – esta mescla de tons celestiais de azul, cinzento, preto, que harmoniosamente descobre as pigmentações viçosas da flora e cria uma espagíria assombrosa para nós, simples mortais, que não podemos deixar de nos sentir vexados defronte desta maravilha da--
– Hey, cala-te lá, está tudo de papo para o ar e ainda ninguém reparou que ali à frente parece estar uma cidade, pois não? – perguntou Rumba.

De facto, tinham finalmente chegado a Ravendor. A estrada por onde caminhavam era agora calcetada com pedras toscas e um sinal de madeira fazia ler: “Benvindos a Ravendor!! Food: 40/40. Por favor tirem os sapatos ao entrar, que isto dá muito trabalho a limpar. Ass: Flahur, o Funcionário eleito por ausência de voluntários”

Laika fabricou, não se sabe muito bem como, e distribuiu pelos heróis, oito bandeiras brancas, e foi agitando-as no ar, que estes se aproximaram das imponentes muralhas da cidade.

– Neo, no warcrap não há muralhas.
– Xiu.


Rumba foi o primeiro a aproximar-se dos portões. Sob a mira de vários riflemen, que se encontravam escondidos nas arcadas, apresentou-se pacificamente.

– Boas noites, chamo-me Rumba. Eu e a minha party procuramos a guarida de Ravendor e presenteamos as nossas lâminas a quem delas precisar.
– Quê? Ravendor?! – disse um dos rifleman – Enganaram-se pá, isto aqui é Ruivandor, reino das Ruivas! Ravendor é longe, 10 km naquela direcção.
– Ruivandor? Hmm... Mas no sinal ali atrás dizia Ravendor...
– Ah, isso foi o homem que veio pintar o sinal que se enganou. Malditos ucranianos. Já o chamámos para vir emendar, estamos à espera.
– Hmm, estou a ver... Então, mas é aqui que o Flahur está, não é?
– Ah sim, esse pelintra. Queridinho do general...
– Pois, uareva, podemos entrar? Estamos cansados e precisamos de falar com o Varg e com o Flahur.
– Força, claro que podem...
– Fixe! – exclamou Rumba – ‘Bora lá pessoal!
– ...SE – interrompeu o guarda – me responderem a estas questões três.
– Oh não... Ok, diz lá.
– Ahahha! Estava a gozar, não é preciso...
– Ok. Pessoal, siga!! – exclamou Rumba novamente.
– ... as questões, mas tenho de vos pedir a password.
– Por que raio é preciso password? Parece-me bastante inútil num mundo em que é tudo feito pela força…
– São ordens que prevalecem do nosso antigo general. Senjūrō Hamachi.
– Argh... – grunhiu Rumba, já farto – deixa-me cá pensar... Bolas, se a gente metesse uma password qual seria?
– Ruivinhaaaaaaas com cabelinho vermelho como o fogo do amoooor! – respondeu Dead lá de trás.
– É ruivas? – sugeriu Rumba.
– Com letra maiúscula ou minúscula?
– Maiúscula?
– Nope, receio que não vos--
– Minúscula então.
– Bem-vindos a Ruivandor! Eu fico com os vossos casacos, por favor limpem os pés no tapete e não desarrumem nada. Apreciem a estadia!


Assim que entraram na cidade, a primeira coisa que saltou à vista daquele grupo de guerreiros, para além de que todas as mulheres que lá habitavam pareciam ser ruivas, foi que a cidade estava extremamente mal organizada, com os edifícios todos encavalitados uns em cima dos outros. Isso devia-se provavelmente à falta de espaço, pois Ruivandor encontrava-se encalacrada entre duas colinas frondosas e era limitada a sul por uma floresta.


– Ok, agora precisamos de encontrar o Varg. – disse Rumba enquanto sondava as pessoas que passavam – Parece que ele é o general por estes lados... Pessoal, procurem um general.
– Disse o General, jovem? – perguntou um transeunte idoso com um ar mega estranho.
– Sim, estamos à procura dele. – intrometeu-se Abutre – Sabe onde ele está?
– Sei, pois. Foi creepar com o exército! Estamos desprotegidos! Sabe que mais? Vamos morrer! Eu sabia que íamos morrer. Eu avisei que íamos morrer, mas ninguém me ouviu. Eu vi-vos a chegar e vi-os a matar-nos. Eles vêm aí! Estou a vê-los! – disse o Velho, olhando alienadamente em todas as direcções.
– Bolas, o Laika é estranho, mas este gajo abusa... – comentou Forbe a neo em segredo.
– Tenha calma homem, não vamos nada morrer. Quem vem aí? – perguntou Abutre.
– Vamos pois, eu vi numa visão. Eram grandes e escuros e claros e pequenos. Tinham bicos afiados como lanças. Estamos perdidos!
– O homem tem razão pessoal, vamos morrer! Salve-se quem puder! Vêm aí os pinguins violadores! – gozou Laika com o homem. – Ahhahah, ou então as Leopoldinas versão Black Metal que distribuem prendas explosivas pelas crianças. Salvem-nos!
– Goze, mas vai ver. Vai ver! Eles vêm acompanhados pelos seus senhores e mestres. Peludos e negros como a noite. O seu chefe supremo ordenará o golpe final brevemente. Não vai restar nada que se coma! Eles consomem as vítimas ainda vivas, a sangue frio. Guinchos agudos de desespero de crianças e mulheres a serem esvisceradas sem dó nem piedade ecoam entre as ruínas da civilização. Colunas de fogo a arder nos céus. Sangue a escorrer pelas paredes. Já os ouvi a vir! Eles vão destruir tudo...
– Ok, estou a ficar com medo... – disse Dead – Por favor não me diga que eles também matam os miaus e os cãezinhos...
– Quando os conseguem apanhar, os miaus e os cãezinhos sofrem um destino pior que os fogos do Inferno. – disse o homem estranho, aproximando a sua cara dos olhos de Dead, que engoliu em seco.
– Isso é tudo treta, esse homem é louco. – disse Varg que apareceu por trás. Vinha com um exército que parecia chegar vitorioso da batalha. Exibia nas suas costas anãs uma imaculada capa negra, acabadinha de estrear. – Benvindos ao meu humilde reino de Ruivandor, caros amigos!! Porra, é bom ver-vos!


Seguiu-se uma sessão de apresentações, cumprimentos e abraços. Varg prontamente convidou toda a gente para uma rodada no Santuário Arcano, que era o melhor bar lá da cidade, com o objectivo de pôr a conversa em dia. Era também onde se formavam os padres e as bruxas, mas isso é outra história.


......


– Vê lá tu... que o Abutre pensava que o Dead era uma gaja! – ria-se neo que nem um perdido, já bêbedo e completamente desorientado, após umas quantas cervejas ruivas.


A taberna possuía um charme sombrio estranhamente acolhedor. Nas paredes mal iluminadas estavam pendurados crânios de grandes animais, a honrar as vitórias dos guerreiros de Ruivandor. Em cima de cada mesa voava estavelmente uma chama lilás que ardia como por magia e iluminava não mais que o suficiente para não enfiar um garfo no olho por engano.


– Bem, tu não bebes mais por hoje. – disse Forbe retirando-lhe a caneca de madeira – Não vás enfiar um garfo no olho de alguém...
– Com que então, a nossa prof de Eotd sempre era inteligente? E a Isabel queria mesmo casar com o Abutre? – perguntou Varg um tanto incrédulo.
– O quê? Eu ouvi prof de Eotd? – perguntou Flahur, que acabara de chegar, depois de arrumar o armamento de Varg.
– Olha o meu ex-aluno preferido! Peço desculpa de ter sido injusta contigo durante um ano inteiro, mas o Bronquicromiosis do Patas dominava-me na altura e forçava-me a marcar-te falta disciplinar ocasionalmente... Eu gostava de ti, o Patas é que não. – disse Ricardo Santos para Flahur. Este ficou calado por uns segundos, sem saber o que dizer.
– Varg, encontrei uma bruxa, posso queimá-la? – perguntou Flahur após uns momentos.
– Hoje não haverá cremação de bruxas, ela é minha convidada. Puxa um banco e senta-te Flahur, as bebidas são por minha conta. – disse Varg.
– O prime também está por cá? – perguntou Forbe.
– Sim, está lá fora. Assentou raízes junto ao poço... – respondeu Flahur. Varg começara a contar a história de como prime entrara pela cidade e fora atacado por todos os lados. A meio da história, neo sentiu-se mal e escapou-se lá para fora para tomar ar.
– O neo foi-se com três ou quatro bejecas? Já vem do tempo do Stress Maligno: álcool e undeads simplesmente não combinam... – troçou Abutre quando Varg terminou a história. – Maricas.
– Diz. Hmm. Epa ya, maricas! – acrescentou Dead – O neo é má pessoa por fora, mas lá por dentro é um jardim em flor com todo o tipo de criaturas maravilhosas como póneis carinhosos e pirilampos mágicos. Além do mais, faz aquela figura toda de carnívoro necrófago mauzão, mas até já o vi a comer relva... Sim, ele é meio herbívoro, mas não lhe digam que eu vos disse...




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À entrada da taberna, neo encontrou sentado o Velho manhoso do ar mega estranho, com um escudo enorme de pedra, que mal conseguia segurar, sobre a sua cabeça. À direita repousava o seu cajado, inerte. Pinky remoía erva a alguns metros, junto ao poço.


– Estás preparado, coisa medonha?
– Não sei de que fala, – disse neo depois de limpar o vómito em putrefacção dos cantos da boca – preparado para quê?
– O fim dos tempos chega ao nascer do sol, não ouviste dizer?
– Ah, isso. Já ouvi dizer muita coisa.
– As bestas sanguinárias vêm aí. O seu mestre supremo proferiu as palavras. Esta cidade está condenada...
– Ah sim? Que disse ele? Vão construir aqui o novo aeroporto?
– O chefe supremo, no seu tribunal infernal, ordenou que a palavra “flocos” fosse retirada de todos os dicionários e qualquer pessoa que a usasse seria automaticamente morta a pontapé no local e em seguida espezinhada com aquelas pedras grandes que servem para construir túneis. – disse o Velho, fitando o vazio, sorrindo um riso trocista.
– What the... cereais? – praguejou neo intrigado – Quem te disse isso? Como é que eu sei que o que dizes não são devaneios loucos?
– Muito bem, olha. – disse o Velho apontando para o topo da colina.
Neo levantou a cabeça lentamente e, quando as viu, um tremor trespassou-o como uma lança afiada. Estava, de facto, qualquer coisa no topo. Duas figuras distintas cobertas de negro, uma maior que outra, imóveis. Era impossível discernir as suas faces de entre a escuridão da noite. Observavam a cidade.


– Isso não quer dizer nada. – disse neo, nem ele próprio acreditando em si mesmo – Podem ser árvores nas quais não tenha reparado quando cheguei. Pode ser uma árvore e um arbusto. Eu não sou daqui. – desculpou-se.
– Ah sim, então e aquele fumo que ali vês adiante, também podia estar cá quando chegaste?

Neo olhou o horizonte, em direcção a norte. No ar elevava-se uma tímida coluna de fumo a poucos quilómetros das muralhas da cidade.


– Murlocs a fazer um barbecue?
– Oh, vá lá... não estás assim tão bêbedo...
– Pronto, conta-me as tuas visões. – disse neo rendido.
– Vejo uma rocha. Vejo dois guerreiros a falar dela. Dentro dessa rocha uma mulher repousa. Ela chora. Vejo uma pessoa com duas caras. Vejo destruição à sua volta. Foi tarde demais. Ele libertar-nos-ia, mas não chegou a tempo. Nem ele nem o seu companheiro. Jazem ruínas e cinzas à volta deles. Vejo sangue derramado a ferver no meio da destruição.
– Sim. O drama, a tragédia, o horror... Não me dás algo mais concreto que isso?
– São furbolgs às centenas. Ágeis como o vento. – sussurrou o Velho – Chegam pelo nascer do sol.


Neo correu para dentro da taberna para avisar os colegas.


– ... e então o Flahur, para se vingar, saiu da missa mais cedo, construiu uma torre à frente da porta da Igreja e toda a gente teve de sair pelas janelas! – contava Varg, penteando a barba com os dedos, enquanto toda a gente se partia a rir – Ah neo, estás melhor? Olha, o Dead esteve-nos a contar que eras um maricas comedor de relva e tinhas pirilampos mágicos dentro de ti!
– Agora não tenho tempo!! – disse neo ofegante – Tenho de vos avisar dos... Espera, disse o quê?


Neo perdeu dois minutos para atar os calços de Dead num dos candeeiros de archotes e, com um banco de madeira, começou a jogar à piñata até este se partir. Em seguida, começou a sua história.


– O Velho contou-me dos Furbolgs! – disse neo apontando para a porta –  Foi aí que eu percebi... Foram os Furbolgs que atacaram a prof de Eotd! E ele disse que eles nos vêm atacar!
– Impossível. – replicou Varg – Os elfos da noite são os nossos inimigos, e os inimigos dos undead. Foram eles que nos atacaram, não os furbolgs.
– Mas faz sentido, – acrescentou Ricardo Santos – as bestas que me atacaram vieram de noroeste, que é território não cartografado. Pode haver lá uma base... Furbolga. É bem possível que estejam aliados com os elfos, vossos inimigos!
– Claro! – concordou Rumba – Foi por isso que eles não atacaram a dryad quando a viram!
– Hey, eu é que ia dizer isso... – respondeu Dead, pendurado do tecto.
– ‘Tá calado, Dead. – disse Laika.
– Pessoal, que fazemos? – perguntou Abutre.
– Não sei, – disse Varg pela primeira vez – mas para já vou ter uma conversinha com o Velho.

Varg saiu de rompante da taberna e os outros heróis seguiram-no. Forbe, como bom médico, soltou Dead do candeeiro e ambos saíram também a correr. Quando chegaram cá fora, o velho tinha desaparecido, deixando o cajado pousado no mesmo sítio.


– Bé. – disse a ovelha gorda com cara de poucos amigos.
– Ai o meu mémé má’ lindo.. cutxicucucuuuu... – fez Varg.
– Coisa feia e gorda. – replicou neo.
– Cale-se, sua vadia. – insultou Varg – Quem é a coisinha mais fofifuríssima de Azeroth? Quem é, Pinky, quem é?
– Ahem, estratégia comandante? – interrompeu Flahur.
– Ah sim, o Velho? – perguntou Varg – Que é feito dele?
– Desapareceu. – observou neo – E desapareceram também as figuras que eu vi no topo da colina. No entanto, a coluna de fumo ainda ali está.
– Murlocs a fazer um churrasco? – perguntou Dead.
– Não sejas criança. – respondeu neo.
– Bem, a meu ver temos três hipóteses. – começou Varg – Ou tentamos apanhar desprevenido quem quer que esteja ali a fazer uma fogueira, ou mandamos um scout para espiar, ou não fazemos nada e esperamos por amanhã.
– Eu tenho sono! – disse Rumba – Voto na segunda.
– Voto na segunda também. – disse Forbe.
– Eu voto em irmos lá nós próprios fazer scout e, se se justificar, atacamos! – sugeriu neo.
– Sim, mas tu não és o general, portanto votas entre aquelas três hipóteses.
– Por que não adicionas aquela quarta hipótese? Tens medo que ela ganhe na votação?
– Pessoal, não se peguem. – interveio Flahur.
– Ok, quarta hipótese: Atacarmos e irmos fugindo para locais inacessíveis usando um spell de Blink, de maneira a que eles não nos consigam atacar. Espera, tu dessa gostas, não gostas neo?
– És um cara de cu! – disse neo, percebendo que Varg gozava com ele.
– A sério, não se peguem agora. – insistiu Flahur.
– E tu uma cabra montesa!
– Ordinária hermafrodita!
– Está calado oh prostituta!
– Cala-te tu, sua galdéria!!
– Rameira cheia de doenças!!
– Jogador de Warcrap pior que o Dead e Abutre juntos que pensa que Demon Hunter é uma banda de christian metalcore!!!
– Seu filho de um... de uma... de... ah, raios. Que se lixe. *BAM* – deu Varg com o cajado do Velho na cabeça do neo, deixando-o com estrelinhas a desenhar espirais por cima da sua cabeça – There. Alguém mais protesta?
– Não, não...
– Então pronto. Vamos dormir.


E dormir foram. Como a segunda hipótese ganhou, Varg instruiu Pinky para que esta fosse perscrutar terreno a noroeste e em seguida despediu-se dos seus companheiros, dirigindo-se ao castelo com um sorriso nos lábios, porque hoje era noite de massagens nórdicas. Abutre, Flahur, neo, Rumba, Laika, Forbe, Dead e a prof de Eotd dirigiram-se a uma estalagem, chamada “Ye Olde Farme”, onde todos partilharam o quarto onde Flahur dormia habitualmente, pois não havia mais vagas. A prof de Eotd voluntariou-se prontamente a partilhar o saco cama com o Abutre, que logo rezou a Deus para agradecer tal dádiva, com a qual até ele não contava.

Quando as velas se apagaram, toda a gente estava desconfortável, pois o chão não era grande o suficiente para todos.

– Bolas, que treta. Se o Rumba não ocupasse o espaço de um camião Tir com atrelado... – queixou-se Abutre.
– Bem, eu monto uma rede lá fora e durmo lá. No worries... Catchya later mons! – disse Forbe, levantando-se e saindo.
– Chega-te para lá, neo. Cheiras a mortos ainda por cima. – refilou Dead.
– Cala-te Dead, senão de noite esventro-te e sirvo-te aos abutres.
– Chamaste? – disse Abutre emergindo do seu saco cama, onde estava enfiado com a prof de Eotd.
– Não, deixa-te estar. – respondeu neo. – Nem quero saber o que vai aí dentro...


Fez-se silêncio passado um bocado. Aquele silêncio de quando está toda a gente a começar a adormecer... No entanto, de um momento para o outro, começa-se a ouvir risinhos do saco cama do Abutre e de Ricardo Santos. Depois risos mais altos. Depois outros ruídos...
– Flahur? – perguntou Rumba no meio dos tais ruídos.
– Yes, m’lord? – disse Flahur com voz de sono.
– BUILD MORE FARMS!! – disseram Laika, neo, Rumba e Dead todos ao mesmo tempo.
– Ok, off I go then. – disse Flahur sem contestar, levantando-se e saindo, com cuidado para não pisar o saco cama do Abutre.



ЖЖЖ    ώαђБђαф    ЖЖЖ



Flahur chegou cá fora e viu o Sol a nascer com o cantar do galo. Como o Velho prenunciara, do horizonte apareceram inúmeros Furbolgs, de cor negra e cinza, correndo como loucos, com tochas nas mãos, berrando a plenos pulmões. Eram para cima de muitas dezenas. Quando viram que já era dia, pararam todos, atiraram as tochas ao chão, pisaram-nas para as apagar e arrancaram de novo. Flahur, sem pensar duas vezes, correu a soar o alarme do castelo, que automaticamente fechou os portões e começou uma chinfrineira que toda a gente acordou. Prime foi um dos que acordara com o alarme e arrancara as suas raízes do chão, plantando-as junto às muralhas, de onde atirava pedregulhos para cima das forças Ursas. Forbe dirigiu-se com Prime para as muralhas e, rodopiando o seu estetoscópio, fez aparecer várias armadilhas que imobilizavam as bestas enquanto levavam com calhaus. Varg aparecera de seguida, ainda de boxers, e colocou uma capa negra sobre os ombros. Em seguida, gritou:

– Guerreiros!! Thor chama-nos para a batalha!! Vamos com coragem! E força!! E honra!!!

O seu exército respondeu-lhe com um rugido, de armas e escudos no ar. Em seguida, mobilizou-se rapidamente e em pouco tempo começaram a chover espadeiradas e chumbo sobre a ameaça úrsica. Neo, Rumba e Dead estavam também já no campo de batalha. A cidade parecia habitada por um remoinho de pessoas de cabelo vermelho, que corriam de um lado para o outro a tentar ajudar os soldados tanto quanto possível. Os primeiros guerreiros humanos começavam a cair, apesar de curados por Forbe e alguns padres, mas estavam a cair muitos mais Furbolgs. Abutre aparecera mais tarde, ao mesmo tempo que a prof de eotd. A última ajudava convertendo os Ursos em ovelhas e disparando pássaros de fogo incessantemente. Abutre, por outro lado, estava parado.

– Bolas, maldita hora para nos atacarem. Logo agora que eu comecei a comer a minha sopa... – refilou Abutre entre colheradas. – Não sabiam esperar?
Varg olhava para as suas forças e para as inimigas e estava já a contar com um resultado vitorioso. Foi então que, perante o assombro dos seus olhos, começou a chegar um segundo exército, agora de elfos da noite, em número bastante superior ao Úrsico. Mantinham-se bem atrás das linhas dos Furbolgs e, a pé e montados em hipogrifos, faziam chover flechas mortíferas, protegidos pelas gigantes bestas. Até Flahur, que colocara uma tigela da salada na cabeça e fora para a batalha com a sua pá do quintal não conseguia dominar os animais selvagens. Rumba, neo, Abutre, Ricardo Santos, todos eles estavam a levar mais porrada do que a dar. Varg, apercebendo-se disso, e vendo ainda por cima chegar balistas inimigas, fez recuar os seus guerreiros.



– Oh não... Oh não... Isto não está a correr bem... Nada bem. Pessoal, tudo para trás!! Recuaaaaaaar!! Uohhpp!

Varg esperava ganhar tempo com esta manobra, forçando os arqueiros adversários a cometer erros. Os soldados do exército humano andavam às voltas, que nem uns parolos, parecendo tentar fintar os seus próprios edifícios, mas a estratégia estava longe de funcionar. As muralhas tinham já caído por terra, os edifícios eram selvaticamente atacados pelos projécteis das balistas, a cidade parecia estar a um passo de colapsar.


– This is the end... – cantava neo conformado – My only friend, the end...
– Não! Isto está longe de acabar. – refilou Varg enquanto dava uma martelada num Urso pardo.
– Ahahahh! Admite Varg, está perdido... – disse Laika que tinha estado parado este tempo todo. – GG!
– Lol, yá... Nem com o Chuck Norris a gente ganhava isto... – concordou Rumba.

Foi então que se ouviu um rugido pujante do topo da colina, que parou ambos os lados da batalha. De lá do topo, apareceu a correr um herói guerreiro, com dois machadões electrificados. A seu lado, acompanhava-o um javali furioso que espumava da boca. Quando chegaram cá abaixo, o guerreiro misterioso flanqueou os arqueiros e começou a estilhaçá-los sem dó nem piedade a um ritmo alucinante. Vendo isto, a equipa que se defendia ganhou novo ânimo. Elfos arqueiros, dryads, Ursos, catapultas, não havia nada que não saísse a voar alguns cinquenta metros graças às machadadas, cotoveladas e patadas deste guerreiro, furioso como se lhe tivessem acabado de roubar o último pacote de fritos à face da terra.

– Não posso crer. Será... Será mesmo o Chuck Norris? – perguntou Rumba chocado.
– Não sei quem é, mas está a ownar e a kickar elven arses! – respondeu Varg com satisfação nórdica – Soldados! Para a frente! Pressionaaaaaaar!! Uohhpp!

Os soldados humanos recomeçaram a ganhar terreno, à medida que os elfos que estavam atrás protegidos começavam a cair. A defesa recompôs-se rapidamente sob as indicações de Varg. Flahur começara já a reparar o castelo dos humanos, para prevenir catástrofes piores. Os furbolgs, vendo os arqueiros atrás a cair, decidiram começar a recuar para os proteger, mas só fizeram pior. A certa altura, a balança da batalha já estava a pender tanto para o lado dos humanos, que se viu um flash azul no céu. No momento seguinte, todas as unidades inimigas desapareceram, deixando como únicas testemunhas do confronto que ali se travara, o chão ensanguentado repleto de cadáveres e os edifícios caindo em chamas.


– Aquilo foi um town portal? – perguntou neo intrigado.
– Aparentemente... É estranho, não é? – respondeu Varg – Não vi herói nenhum inimigo.
– Nem tu nem eu... Como é que é possível?
– Chuck? És mesmo tu? – perguntou Rumba ao guerreiro desconhecido, que foi o primeiro a aproximar-se dele. Era corpulento e tinha um enorme tufo de pêlo no peito que exibia com orgulho. Na cara tinha uma máscara que lhe tapava a região dos olhos.
– Chuck? Não, – respondeu ele rindo-se – não me reconhecem? Sou eu, o Tuka! Vi que estavam com dificuldades e vim salvar-vos. Suas donzelas...
– Tuka!! Tukaaa! Ah ganda Tuka! – berrou Varg abraçando-o – Vamos celebrar esta vitória! As bebidas são por minha conta!
– A bem dizer, ainda agora acabámos de vir do bar... – comentou Flahur – Já queres ir para lá de novo?


Fez-se silêncio por alguns momentos enquanto a equipa recuperava o fôlego. O silêncio foi quebrado por uma mosca que aterrou na capa de Varg e disparou fulminada contra uma parede.


– Oops. Attacker takes lightning damage of 8.
– Bem, agradeço o convite, mas tenho de ir andando... Tenho assuntos meus a tratar. Se precisarem da minha ajuda, eu aparecerei. – disse Tuka sucintamente e, quase tão depressa como apareceu, embrenhou-se pela floresta adentro.
– Mon, ali vai o verdadeiro espírito das batatas fritas de Corroios... – disse Forbe com a mão ao peito.
– Ali vai..... – disse Rumba enxugando uma lágrima no canto do olho – Um verdadeiro Chuck Norris!



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Poucas horas após a batalha, a cidade estava praticamente como nova. Flahur acabava as últimas reparações nas suas torres de estimação, Varg estava metido no Santuário para não variar e Dead andava a pastar algures. Rumba, neo e Forbe conversavam junto ao poço.

– Onde anda o Varg? Se calhar era uma boa altura para pressionarmos a base inimiga... – ponderou Rumba.
– Ou pelo menos mandarmos um scout para ver com o que devemos contar. – acrescentou neo. – Eles devem ter perdido muitas defesas com este ataque e talvez estejam meios vulneráveis.
– Hmm... acabei de me lembrar de uma coisa... – interveio Forbe – Lembram-se que a fantasma dos gelados disse que nos auxiliava com a sua sapiência infinita? Talvez se conseguirmos completar a quest dela, ganharemos informação preciosa sobre o inimigo!
– Sim, não é má ideia. Há só um pequeno senão.
– Qual?
– É que o Bacalhau com Uazinhague dela dizia que o livro a procurar estava em Ravendor e, ao que parece, Ravendor não é aqui perto. – disse Rumba.
– E como Ravendor não fica no caminho para o sítio da Maçã, – continuou neo, percebendo o ponto de vista do seu colega – vamos perder tempo precioso para apanharmos os nossos inimigos a recuperar do combate.
– Caros colegas, permitam-me que dê uma sugestão. – disse Laika, aparecendo do interior do poço, para fora do qual se içou dentro do balde, puxando a corda que contornava a roldana.
– Freak! – gritou Forbe com uma voz anormalmente grossa.
– Exacto. – concordou Laika – Como dizia, com certeza que Ruivandor tem também uma biblioteca, certo? Pode ser que encontremos lá uma cópia do livro que a gaja quer e ela nem dê por nada.
– Não é nada mal pensado! Por falar nisso, alguém ainda se lembra do título do livro? – perguntou Rumba.
– Tinha a ver com maçãs... – respondeu Laika.
– Pois, isso eu sei, mas era qual?
– Seria de culinária? Tartes de maçã ou assim? – sugeriu neo.
– Acho que era empadas. Yep, empadas de maçã. – disse Laika.
– Eu acho que tinha a ver com a Branca de Neve... – disse Forbe.
– Bem, vamos procurar a biblioteca e a gente já vê o que lá há. – terminou neo, pondo-se a caminho.


Rumba foi o primeiro a avistar a biblioteca e foi o único a entrar. Lá dentro as paredes estavam repletas de posters que decoravam a sala com os vários álbuns de Abigor e a foto de um guerreiro careca, meio estrábico, a apontar o dedo a duas silhuetas obscuras enquanto fazia um sorriso enigmático era a peça central do balcão da entrada. Ao lado desta estava uma enorme lista de normas que regia o funcionamento da biblioteca.
Dirigiu-se às estantes de letra M sob o olhar perscrutador da mulher da entrada que parecia uma empregada brasileira numa loja de chineses. Ela sabia que ele não era sócio e, como dizia na tal lista à entrada, Rumba não tinha autorização para requisitar livros, muito menos roubá-los para entregá-los a fantasmas que trabalham na Ice It para completar bacalhaus com uazinhague. Quando chegou à letra M, tentou procurar algo que tivesse a ver com maçãs e, quando a mulher da biblioteca desviou o olhar por dois segundos consecutivos, Rumba começou com o seu vozeirão a imitar uma sirene daquelas que soam em caso de um meteoro vir em rota de colisão com a Terra durante a ocorrência de um Tsunami em plena Guerra Mundial. A mulher, em pânico, iniciou calmamente a sua corrida de vida ou morte para a saída do edifício e, atropelando várias criancinhas razormane que vinham em visita de estudo, foi a primeira a sair do edifício da biblioteca. Rumba agarrou no primeiro livro de maçãs que pôde alcançar e saiu também.


Quando chegou cá fora, juntou-se aos outros três com alguma dificuldade, pois o caos estava instalado nos arredores da biblioteca.


– Quéstamerda? – perguntou neo quando viu o livro que Rumba trouxera.
– “Maçonaria: Como completar as provas de entrada que envolvem cabras” – leu Laika alto – Acho que não foi isto que ela pediu.
– Foi o que deu para trazer. – disse Rumba
– E se ela verifica o ISBN? Este é o 978-0763655983.
– Raios. Eu vou lá buscar outro.
– Não me parece que vás mon. – disse Forbe.


Os bombeiros de Ruivandor tinham fechado a biblioteca com fita isoladora e atiravam agora água lá para dentro com baldes. Rumba ainda tentou explicar que não havia incêndio nenhum, mas de acordo com o protocolo, quando um alarme de incêndio toca, toda a gente se deve dirigir para o campo de futebol e para longe da biblioteca, disseram-lhe.


– Bem, parece que isto vai ter de servir. – disse Rumba finalmente. – Vamos procurá-los.


Encontraram-nos a todos perto dos portões da cidade, a discutir planos de guerra.


– Do que me lembro quando jogávamos warcrap – comentava Dead com ar de estratega – a gente para ganhar só precisa de meter o Illidan a level 6. Assim que tivermos o Illidan a level 6 podemos abrir o youtube nas Navegantes da Lua que o herói faz o resto.
– Cala a boca Dead. – respondeu Varg prontamente. – Ainda bem que chegaram. Vamos partir agora mesmo para atacar os nossos inimigos. Mas antes, temos uma tarefa importante a fazer. Doze. Abacate. Dezanove. Pavões.


Inesperada e simultaneamente, todos os heróis começam a espancar o Abutre, excepto o próprio, claro, que estava demasiado ocupado a levar porrada para espancar fosse quem fosse.


– Hey, estão a dar uma festa? – perguntou Abutre entre gritos de sofrimento.
– Esta foi por decidires comer a sopa enquanto estávamos todos a atacar!
– E esta foi por teres-te esquecido de comprar um town portal antes de atacar e por causa disso teres perdido a base toda!
– E esta foi por teres saído do jogo sem teres dado hipótese de fazer save!
– Hey essa não--
– E esta foi por todas as asneiradas que fizeste em todas as replays que não tive paciência de rever!
– Bem, não vale a pena continuar a lutar convosco. – disse Abutre com voz de menina enquanto calçava os seus sapatos de salto alto – Sou um mariquinhas de todo o tamanho. E vou brincar com Barbies.

Abutre voltou para casa de forma feminina e ninguém quis saber. Ricardo Santos foi atrás dele.


– Epa, ainda bem que a Ricardo se foi embora.  – disse Flahur –  Estar no radius dela dá-me um buff de +3 aos rolls de Mischief que já me estava a começar a dar dores de garganta.
– Bem, pessoal. Vamos andando então
–  EPA BORA!
– Sangue para o Deus do Sangue!! Erm, aliás, Thor chama-nos!!!!!! A batalha espera-nos!! – gritou Varg.


O sol já ia alto quando o atípico exército saiu da cidade.




– Estou farto de andar – refilou neo quando ainda só iam a meio do caminho.
– Estou farto de te ouvir queixar, sua messalina! – respondeu Varg imediatamente – Fazes alguma coisa a não ser queixar-te?
– E comer. – acrescentou Dead.
– E demorar anos, literalmente anos!, a terminar posts. A sério! Este parágrafo foi escrito 5 anos depois do início da escrita do post e o parágrafo após o seguinte foi escrito quase 3 anos depois! – acrescentou a Isabel, que apareceu repentinamente atrás deles.
– *FIUUU* *THUMP* *SPLOSH* – foi a combinação de barulhos resultante do arremesso de um tronco gigantesco à Isabel por parte do neo.
– Desculpem, fugiu-me da mão.
– Calem-se. Chegámos. Vejam! – apontou Flahur.


Majestosa e soberana, a cascata escarlate guardada pela fantasma erguia-se no fundo da clareira.


– Wait. Era para aqui que vínhamos...? Pensei que íamos directos ao--
– Oláááá! – berrou a fantasma por trás do grupo, interrompendo Varg. – Trouxeram o item necessário para completar o bacalhau com uazinhague?
– Erm. Sim. –  respondeu Rumba estendendo-lhe o livro da maçonaria.
– Óptimo. – a Maçã tira-lhe o livro da mão de forma poltergeistica e atira-o para um fogareiro. O ponto de exclamação desaparece-lhe do topo da cabeça. – Agora que tenho as mãos quentes, digam-me o que precisam de saber.
– Qual a melhor altura para atacar os nossos inimigos?
– Hmm. Next question.
– Como saímos deste mundo?
– Hmm... Não sei. Next.
– Eu sei essa – intrometeu-se Flahur – temos de juntar todas as ovelhas do mundo e comprimi-las até fazer sumo de ovelha.
– Oh gasparzinha, eu pensei que a tua sapiência era infinita. O que é que sabes afinal?
– Eu disse VIRTUALMENTE infinita. Esta história faz parte do Universo de Warcraft. Como tal, o que eu sei é basicamente trivia inútil de pop culture e internet memes. Ah, e factos interessantes sobre este post.
– Tais como?
– Tais como a expressão “buraco negro” ser usada 3 vezes ao longo do mesmo.
– Bleh. E mais?
– Tem 35 páginas e foi escrito ao longo de 10 anos.
– Bleh.
– O Varg é uma menina porque não me ajudou a terminá-lo.
– Bleh.
– E trivia? Qual é o nome da personagem cor-de-rosa do My Little Pony? – perguntou Dead.
– Elaine.
– Qual o número de personagens principais e secundárias que têm pelo menos um nome começado por C no Game of Thrones? – perguntou Varg.
– 16.
– Quantos episódios há dos Teletubbies? – perguntou Dead.
– 8 por temporada vezes 3 temporadas = 24 episódios.
– Uau, esta fantasma é super útil! Até faz contas! – disse Dead sorrindo abichanadamente.


Naquela cascata escarlate, tudo era calmo e pacífico. O Rumba ficou sem vontade de dizer aleatoriamente a palavra framboesas, o Dead fez menos planos para se vir a tornar num metrossexual, o Flahur parou de ter fome de fritos e o neo ficou com um bocadinho menos vontade de espancar o Abutre. Estavam a aproveitar para descansar e a recuperar a sua vida e mana quando algumas tropas genéricas e sem identidade chegaram da cidade, como espadachins, espingardeiros e outras tretas que nem soam bem traduzidas, não sei porque é que me dou ao trabalho.


Subitamente, um Furbolg apareceu a espiá-los no meio da florestação. Apenas Varg o detectou e começou a fazer sinais dissimuladamente aos seus colegas para os avisar. Os heróis estavam todos num estado extremamente zén, quase a atingir o nirvana, e não perceberam a sinalética. No entanto, o Furbolg não se conseguiu conter e quebrou rapidamente a sua situação de espião camuflado.


– Xii olha aquele! Parece o Matrix com aquela capa preta! A abanar a cabeça para os seus colegas como se tivesse pulgas! – grunhiu.
– Quem, eu? – perguntou o Flahur.
– Não, o teu amigo. O Matrix.
– Quem, ele? – replicou Flahur apontando para uma pedra.
– Não, o outro da capa. O Matrix.
– Quem, ele? – respondeu Varg
– Não, TU oh Matrix! – respondeu o Urso já a perder a paciência.
– Quem, eu? – respondeu Flahur.
– UARHAGHHURAGH – gritou o Urso enquanto entrou a correr no Local de Inspiração, cego pela raiva. Levou um piparote do Varg e caiu redondo no chão.
– Ow.
– Hum. É a primeira vez que os vejo levantar-se e fazerem efectivamente algo.  – comentou Flahur. – Que peculiar.
– The Furbolgs are straaaaaange people.
– Vamos ver se conseguimos seguir as suas pegadas até aqui e perceber de onde veio. – sugeriu Rumba.


E assim fizeram. Pelo caminho encontraram lixo espalhado da fast food do McPandaren’s e peças partidas de um Siege Tank do tunning. Quando encontraram a cidade dos Furbolgs, era de noite e observaram-na de longe, camuflados no nevoeiro como no videoclip do Call of the Wintermoon. Foi de lá que planearam a sua próxima jogada, desenhando diagramas com pauzinhos no chão.


– Ora bem, eu, o Flahur e o Rumba por este lado. O Prime, o neo e o Dead por aquele. O Forbe acompanha este número arbitrário de tropas genéricas e sem identidade que vêm atrás de nós e que não serão sequer referidas durante a descrição da batalha. Ainda não há sinais do Abutre e do Ricardo Santos?
– Não.
– Uareva. Vamos a isso.
– E eu? –  perguntou Laika.
– Tu atacas por onde te apetecer. Não é que tenhas feito uma grande diferença até agora… – respondeu neo.
– :(Laika ficou aborrecido e afastou-se do grupo, pensando no Henrique Mendes.
– Ok, malta, vamos a isso. É o desfecho final! – exclamou Varg.
– O desfecho final?
– Sim.
– Final e conclusivo
– Sim.
e terminante 
– Sim.
e peremptório?
– Isso também.
– Ok, convenceste-me.
– Calma! – reclamou o Abutre que apareceu do meio da vegetação – Há algo que precisam de saber!
– Olha a menina voltou. Diz lá.
– A Ricardo Santos, na realidade, é uma feiticeira poderosa que está do lado dos Furbolgs!! Ela é nossa inimiga! Não voltem a falar com ela, especialmente sobre as operações que ela fez!
– TCHAM TCHAM TCHAM!!! – disse Flahur.
– Não posso! Rumba, ouviste aquilo? – perguntou o neo.
for(i=0; i<5; i++){
print(" – TCHAM TCHAM TCHAAAAAM!disse Flahur.");
print("– Rumba, ouviste aquilo? – perguntou o neo.");
}
– Pára neo. A sério?!
– Não.respondeu a Maçã fantasma – Na verdade ela é uma transsexual e o Abutre inventou aquilo só porque não queria que vocês soubessem que ele se enrolou com ela...
– Ah.
– ... repetidas vezes...
– Ew.
– ... e fizeram um filho... – acrescentou a Maçã.
– Waaa? – Abutre estava em estado de choque. – Como é que isso é possível se ela--
– ... filho esse que vai aparecer na sequela desta história.
– Oh não...
– Vai-se chamar Herm--


«Tanas, tanastanas....»


A conversa foi interrompida por um grito de guerra alucinado seguido de uma explosão violentíssima nas muralhas da cidade. Até agora, Prime fora o único que não tinha participado na conversa, não porque me esqueci dele, mas porque ele estava entretido a fazer fontossíntese mais atrás.


– Que foi aquilo?
– Aquilo foi o Laika a detonar-se contra as muralhas da cidade. respondeu a Maçã fantasmaEle era um goblin suicida.
– Ah então era essa a mala que ele trazia com ele… – acrescentou Forbe.
– Eu pensei que eles vinham sempre em equipas de vários.
– Sim, ele apareceu neste mundo acompanhado da Menina da Fita, que se suicidou antes da história começar com saudades do Flahur.


Varg baixa a sua cabeça e pousa o seu martelo.


– Honrado guerreiro Laika, morreu como todos nós gostaríamos: – disse Varg – Em batalha, com coragem, e força!, e honra!, a lutar por uma causa mui nobre!!
– Eu cá já ficava contente com a parte do “despedaçado em trinta partes diferentes numa explosão sangrenta e os seus miolos tornarem-se papel de parede daquela casa além”, – disse neo – mas isso sou eu.
– E ninguém pensa na Menina da Fita?
– Fantasma, porque é que o neo é assim? – perguntou Abutre.
– Porque ele acha que perpetuar clichés antigos tem piada. E porque tem um gosto perverso por acumular inimigos. No geral porque é um péssimo ser humano. 
– Estou a ver.
Ah, e porque essa parte do post já estava escrita desde o tempo em que o Imperialium era um blog decente.
– Oooh burn. – acrescentou neo.


Depois da explosão, as sirenes da cidade soaram. Os vários heróis decidiram iniciar o ataque para aproveitar a confusão e o facto de as muralhas ainda não estarem reconstruídas.


Como devem imaginar, houve porrada até mais não. A equipa dos nossos heróis era liderada pelo Varg que estava a dar conta do recado com grande estilo e dedicação. A equipa dos inimigos, constituída por dezenas de furbolgs e assistida por dezenas de elfos, era liderada por um Pandaren gigantesco que, a certa altura, se dividiu em três ursos pequenos: O temível Bubu, o maior dos três, não fazia nada a não ser sentar-se e levantar-se repetidamente e, por vezes, festinhas na cabeça dos nossos heróis, que os deixavam irritados e mais propícios a cometer erros em batalha; O ainda mais temível Bolachas, que disparava pepitas de chocolate da boca e gomas em forma de urso; E, o menor e mais temível deles todos, tão pequeno que era quase invisível em batalha, o Urso Patas, que era uma máquina de destruição com gel no cabelo a disparar lasers da boca.


– NÃO! É o Patas! – gritou neo chocado.
– É VERDADE!rugiu PatasSou eu! E vou-me vingar de todas as vezes que te pedi o Painkiller emprestado e tu até dizias que ias a casa de propósito à hora do almoço buscá-lo e nunca foste!
– Por falar nisso, neo, lembra-me de te devolver o Painkiller. – gritou uma voz máscula que emergia da floresta.
– Ok. Espera, quem disse isso?
– Sou eu, o Tuka! – disse um herói a correr em direcção à batalha, à patada e ao murro etc.


Por falar nisso, entretanto, a batalha decorria. Varg, com a ajuda do Rumba e do Dead conseguiu dar conta de Bubu, que depois da sova que levou decidiu deixar os seus modos Úrsicos e agora tinha um emprego respeitável num centro comercial. Neo matava inimigos genéricos e sem identidade com o suporte das pedradas do Prime, dos quais já não restavam muitos. Eram tantos inimigos caídos que, à falta de uma comparação mais inspirada, a cena da batalha parecia a secção de tapetes do IKEA.



Bolachas caiu aos pés de Tuka, que o derrubou à cabeçada e o finalizou sufocando-o com os pêlos do seu peito, tendo, em seguida, comido os chocolates e as gomas que ficaram espalhados em redor.


Com todos os inimigos derrotados à excepção de Patas, os nossos heróis rodearam-no.


– Desiste. Não tens saída. É o fim.
– Não sei, não. Achas mesmo que não tenho um truque na manga?
– Ele tem um truque na manga! – disse a Fantasma.
– Obrigado, Maçã. Diz-nos que truque poderás ter que te vá salvar neste momento. – disse Varg.


Nisto, o chão começa a tremer e o Dead começa a mudar de cor. Do seu bolso salta uma pedrauma runa esquisitaque começa a aumentar de tamanho até ficar do tamanho de um abacaxi e explode em todas as direcções como um abacaxi, saltando de lá de dentro a prof de EOTD com três vezes o seu tamanho anterior (e cerca de 200 vezes o tamanho de um abacaxi).


– ELAINE!!!!!!!!!! – gritou Dead!!!!!
– Não é Elaine, é Ricardo Santos.
– Não, eu chamei Elaine à minha runa, tens algum problema com isso?
– Nope.
– Ah. Pensei.


– A prof de EOTD? – perguntou Patas – Eish, há tanto tempo que já não via a prof de EOTD! Quer dizer, no outro dia vi um homem parecido com ela, mas não é a mesma coisa...
– Sim, sou eu! E vou aproveitar que estão todos aqui juntosa turminha toda, que convenientepara vos matar a todos! Sim! Vou-me vingar de todas as aulas horríveis que me fizeram passar sei lá eu quantos anos lá vão. – 12? Bolas, não tenho mesmo mais nada que fazer.
– Tu não serves mesmo para nada, pois não Maçã?
– É bem feita por me terem trazido o livro errado.


A prof de EOTD transforma todos os nossos heróis em ovelhas de uma só vez, enquanto se ri maniacamente, e eles sentem-se incapazes de fazer seja o for para melhorar a situação.


– Mé. – diz Rumba.
– Mééé? – pergunta Varg.
– Mééé! Méé. Méééé.responde neo.
– Méééé?! Béé. Bahh. – responde Varg.
– Béé. Bahh???? Méééé.responde neo, começando a dar coices em Varg.
– Baahh bé bahhhh. – responde Varg aos coices também.
– Grr… Méééééé bé bahhhh. Méééééé bahhhh bé!!! – responde neo.
– Baahh. Baahh. BaahhVarg comportava-se como uma ovelha possuída enquanto batia em neo.
– Muahahahahahhahah!!!! – ri-se a prof de EOTD.
– Mééé. – diz Abutre.
– Cala a boca Abutre! – diz a prof de EOTD.
– Méé ééh ééh ééh ééh.responde neo.
– Mééé. Béé. Bahh. – diz Varg.
– Béééé bééé. – disse Pinky com ar importante, que tinha acabado de chegar à cena.
– Mé mé mé mé. – respondeu Varg.
– Béééé? – perguntou Pinky.
– Mé mé mé mé EOTD mé bah mé! – respondeu Varg.
– BÉ? BÉÉÉ? BÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ!berrou Pinky a fumegar.


O berro de Pinky ouviu-se quase em toda Azeroth. Pinky activou a sua habilidade que faz com que todas as ovelhas em seu redor ganhem +10 de iniciativa ou wtv e outros stats que implicam que ficam bastante fortes e berserks como se tivessem apanhado a doença das vacas loucas.


Exactamente 4,3 segundos a atacar a prof de EOTD foi tudo o que foi necessário para terminar aquele pseudo-combate. A prof de EOTD não teve a mínima hipótese e, no chão, teve ainda tempo de lançar uma maldição a todos os que a rodeavam, antes de Pinky sentar o seu rabo gordo em cima da cara dela.


Os heróis (e o Patas) foram des-transformados um por um, e também um por um foram desaparecendo como por magia e regressando ao seu mundo verdadeiro. Os últimos dois a desaparecer do mundo do warcrap foram neo e Abutre.


– Abutre, és uma besta. – disse neo e em seguida desapareceu.
– Hey, eu não tive cu--


E foi assim que todos os heróis foram entregues ao seu mundo anterior. Aquele que não tem War, pelo menos no nome. Um mundo chato, monótono, sem raças fantásticas ou capas pretas encantadas, com obrigações profissionais, responsabilidades, patrões para aturar, impostos a pagar, deveres a cumprir, recessões económicas a pagar pelos outros e, pior de tudo, vítimas de um quotidiano onde absorvem diariamente zero inspiração, motivação e iniciativa e onde acabam a fazer absolutamente nada.



ЖЖЖ    ώαђБђαф    ЖЖЖ



Todos, menos Pinky que sentia agora a falta do seu dono Varg. As chamas dos edifícios dos Furbolgs chegavam ao céu, mas não eram suficientes para aquecer o coração de Pinky. Ao seu lado estava uma runa com um formato peculiar.
– Gee Elaine, what do you wanna do tonight? – perguntou Pinky em ovelhês.
– Same thing we do every night, Pinky... – respondeu Elaine em pedrês – Try to take over the World of Warcraft!!


They’re Pinky and Elaine. Yes, Pinky and Elaine. The rock is a vessel, the sheep is insane! To prove--


Bem, acho que chega. Além do mais, o resto já vocês conhecem…





Buraco negro.


NZL






PS: Agradeço ao V pela escolha da primeira palavra deste post em 2000 e picos. Ele provavelmente já nem se lembra disso.

PPS: Agradeço ao Lunático por estes dois posts que, depois destes anos todos, ainda me conseguiram dar alguma inspiração para terminar esta treta. Algumas ideias também foram descaradamente surripiadas de lá, como o romance do Abutre pela Enid pelo Dead e pela Mrs. Flintstone.

PPPS:


Fig. 2: A vilã